A campanha “Julho Amarelo” foi instituída no Brasil pela Lei nº 13.802/2019 e tem por finalidade reforçar as ações de vigilância, prevenção e controle das hepatites virais. De acordo com o Ministério da Saúde, as hepatites virais são doenças muitas vezes silenciosas, pois nem sempre apresentam sintomas visíveis, fazendo com que evolua sem o devido diagnóstico. Dependendo do tipo de hepatite, o paciente pode vir a óbito.
A hepatite é um processo inflamatório no fígado causado pela infecção por vírus. Existem alguns tipos de hepatites, as infecciosas, que são mais comuns, causadas pelos vírus: A (HAV), B (HBV) e C (HCV), como mais usuais. Outros vírus que causam hepatite são: D (HDV) e vírus E (HEV). O vírus da Herpes, citomegalovirus, Epstein Barr vírus (EBV) e o vírus da imunodeficiência humana (HIV) também podem causar hepatite. Até o vírus da Dengue pode ser responsável por casos de hepatite.
De acordo com o gastroenterologista do Hospital da Fundação Oswaldo Aranha (H.FOA), Paulo Braga, a campanha Julho Amarelo é uma excelente oportunidade para falar sobre essa doença, que é passível de prevenção, a começar pelas formas de transmissão:
“No caso da hepatite A, a propagação é por via fecal-oral, ou seja, através da ingestão de alimentos ou água contaminada pelo vírus. As hepatites virais B e C podem ser transmitidas através de sangue e fluidos corporais (como no compartilhamento de seringas e itens pessoais como alicate, lâminas de barbear, ou em relações sexuais desprotegidas), e via transfusão de sangue não testado”, explicou.
As formas da doença podem ser agudas, causando uma lesão no tecido hepático mais intensa, gerando complicações como a insuficiência hepática e sua falência. Ou, ainda, podem causar um acometimento lento e contínuo, produzindo um dano progressivo e evoluindo para uma hepatite crônica, que também vai levar a uma insuficiência hepática. Os dois mecanismos de lesão são potencialmente graves e podem levar à morte, caso não forem adequadamente tratados.
É bom deixar claro que contágio via transfusão de sangue já foi muito comum no passado, mas, atualmente é considerado raro, tendo em vista o maior controle e a melhoria das tecnologias de triagem de doadores, além da utilização de sistemas de controle de qualidade mais eficientes.
Sintomas e tratamento das hepatites virais
Paulo Braga esclarece que, quando o caso é de hepatite aguda, o paciente pode apresentar sintomas como febre, fadiga, dor abdominal, náuseas, perda de apetite. Com a evolução da doença, podem ainda causar icterícia (pele e olhos amarelados), coceira na pele, escurecimento da urina, fezes claras e aumento do tamanho do fígado.
E, nos casos de hepatite crônica, os sintomas serão decorrentes da insuficiência hepática, com aumento do volume abdominal devido a líquido (ascite); sangramento digestivo por varizes de esôfago; perda do apetite; dor abdominal; icterícia e confusão mental.
O tratamento vai depender do tipo de vírus, podendo ser apenas de controle dos sintomas, como é praticado nos casos da hepatite A. Para os diagnósticos de hepatites B e C existem o tratamento com medicamentos antivirais, que são fornecidos por centros especializados, sem custos, pelo governo. A vacina é o melhor método de prevenção para as hepatites A e B. Infelizmente para a hepatite C ainda não existe vacina para prevenir.
Mas, a melhor forma de evitar as hepatites virais é a prevenção, por isso é preciso redobrar os cuidados sanitários para casos de hepatite A, como higienização das mãos e dos alimentos. Para prevenir as hepatites B e C, deve-se usar preservativos em relações sexuais; não compartilhar seringas e objetos de uso pessoal, como alicate e cortador de unha, lâminas de barbear e procurar locais oficiais na hora de realizar testes sorológicos pré-transfusionais.
Como são doenças com potencial de prevenção, a informação é a melhor tática para a conscientização de funcionários de uma empresa, por exemplo. Por isso é tão necessário e importante falar sobre o assunto, para despertar a consciência de todos.
“O Julho Amarelo é uma campanha de conscientização de estrema importância. Através da informação conseguimos reduzir a exposição pessoal ao vírus, diminuir o número de pessoas contaminadas e, consequentemente, os óbitos. Peça ao seu médico a vacina para as hepatites A e B”, recomendou o gastroenterologista Paulo Braga.