Criada pela Organização Mundial da Saúde – OMS, a campanha Março Azul Marinho alerta para a conscientização e a importância da prevenção ao câncer colorretal, ou do intestino grosso, que compreende tumores localizados no cólon e reto. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer – Inca, o número de novos casos para cada ano do triênio 2023 a 2025, é de 45.630 casos, afetando mais as mulheres do que os homens. A taxa para esse tipo de tumor é alta em todo o mundo, não apenas no Brasil.
O cirurgião e professor de Clínica Cirúrgica do curso de Medicina do Centro Universitário de Volta Redonda – UniFOA, Marcelo Betim Paes Leme, que também é o coordenador do Serviço de Cirurgia Geral do Hospital São João Batista (HSJB), onde orienta os alunos do internato e os médicos residentes, explica que o câncer colorretal ou CCR é um dos tumores mais investigados em todo o mundo, dada a sua incidência, sendo igualmente estudado em sala de aula.
“A partir do oitavo período do curso de Medicina, os alunos têm aula teórica sobre o câncer colorretal, seu diagnóstico e tratamento. Durante o internato de cirurgia, décimo segundo período, eles têm a oportunidade de vivenciar na prática tudo que viram na teoria. Assistem às cirurgias, acompanham o pós-operatório, enfim, participam de todas etapas”, explicou Marcelo Paes Leme.
Sintomas e diagnóstico reforçam a importância da campanha
De acordo com o professor Marcelo, existem duas origens do CCR: o esporádico (o mais comum, com 80% dos casos), e o hereditário (20%). Como o nome diz, o hereditário depende da carga genética individual e o esporádico é adquirido pela pessoa através de agressões constantes à mucosa intestinal. A maioria dos tumores (90%), que ocorrem no cólon e reto são do tipo adenocarcinomas.
Se a pessoa tem hábito de consumir regularmente carnes processadas, como presunto, linguiça, bacon, entre outras; consumo excessivo de carne vermelha; apresenta obesidade; consuma álcool em excesso e não faz nenhuma atividade física, precisa ficar atenta, pois são fatores que podem provocar o surgimento do câncer colorretal.
Os sintomas variam de acordo com a posição do tumor no intestino, mas o indivíduo pode apresentar alteração do hábito intestinal, anemia, presença de sangue e de muco nas fezes, além de emagrecimento. A combinação desses hábitos de risco com o surgimento de algum desses sintomas é motivo suficiente para procurar ajuda médica.
As medidas preventivas, então, envolvem principalmente evitar esses fatores, mantendo hábitos de vida saudáveis. A idade também aumenta a chance do aparecimento de tumores nessa região, sendo mais comum em pessoas com mais de 45 anos, mas claro que toda regra tem exceção.
O professor Marcelo esclarece que “o CCR é passível de prevenção e não só do diagnóstico precoce. Assim, para as pessoas a partir dos 45 anos, é recomendado a profilaxia, ou seja, mesmo pessoas assintomáticas devem realizar exames de prevenção, dentre eles a colonoscopia, que apresenta o maior grau de eficácia e ainda permite a retirada dos pólipos, evitando que evoluam para o câncer de intestino”.
Quando o diagnóstico é realizado em estádio inicial da doença, o índice de cura pode chegar próximo a 100%. Isso não significa que tumores em estádios mais avançados não possam ser curados, mas as chances diminuem e frequentemente é necessário completar o tratamento cirúrgico com quimioterapia.
“A prática de atividade física e o controle do peso, associados à alimentação rica em fibras, baixa ingestão de carne vermelha, carnes processadas e álcool são o caminho para se ter uma boa saúde e evitar o surgimento de pólipos que podem evoluir para um quadro de câncer”, finalizou o professor Marcelo.