O Brasil enfrenta, em 2025, uma das ondas de calor mais intensas já registradas nas últimas décadas. Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) indicam que as temperaturas médias já ultrapassaram recordes anteriores em diversas regiões do país, com picos que ultrapassam os 40°C em cidades do Sudeste e Centro-Oeste. Diante desse cenário, cresce a preocupação de especialistas em saúde sobre os riscos de desidratação e os cuidados essenciais com a hidratação e a alimentação.
A elevação extrema das temperaturas pode desencadear sérios problemas de saúde, especialmente entre grupos mais vulneráveis, como idosos, crianças e pessoas que trabalham expostas ao sol. A desidratação, embora pareça um problema simples, pode causar desde sintomas leves, como fadiga e tontura, até quadros graves, como insolação e desmaios.
A professora Kamila Nascimento, do curso de Nutrição do Centro Universitário de Volta Redonda (UniFOA), destaca que a hidratação deve ser constante, equilibrada e, principalmente, distribuída ao longo do dia. “Durante períodos de calor intenso, o corpo perde água com mais facilidade, seja pelo suor ou pela respiração. A recomendação geral é a ingestão de 2 a 2,5 litros de água por dia, mas essa quantidade pode variar dependendo do nível de atividade física, peso corporal e necessidades individuais”, explica a especialista.
Contudo, o aumento no consumo de água exige atenção. O excesso pode levar à hiponatremia dilucional, uma condição em que o consumo de grandes quantidades de água provoca a diluição do sódio no sangue, prejudicando funções vitais do organismo. “Beber água em excesso de uma só vez pode ser tão prejudicial quanto não se hidratar. A hiponatremia pode provocar sintomas como náuseas, confusão mental e, em casos graves, resultar em coma ou até a morte”, alerta Kamila. A chave, segundo ela, é distribuir a ingestão de líquidos ao longo do dia, ouvindo os sinais naturais de sede do corpo.
Alimentação aliada à hidratação
Além da ingestão de líquidos, a alimentação pode ser uma aliada no combate à desidratação. Frutas e hortaliças com alto teor de água, como melancia, melão, abacaxi, laranja, morango, pepino, tomate e alface, ajudam a manter o equilíbrio hídrico do organismo e fornecem vitaminas, minerais e antioxidantes essenciais. “Esses alimentos não só contribuem para a hidratação, mas também oferecem nutrientes importantes que ajudam o corpo a lidar melhor com o estresse térmico provocado pelo calor”, comenta a professora.
Por outro lado, alimentos ultraprocessados, ricos em sódio e conservantes, devem ser evitados, pois aumentam a retenção de líquidos e podem intensificar a sensação de sede. Entre os principais vilões estão os embutidos, enlatados, fast food, refrigerantes e snacks industrializados. “O sódio em excesso contribui para a desidratação e desregula os eletrólitos, que são essenciais para o bom funcionamento muscular e nervoso”, reforça Kamila.
Cuidados específicos para grupos de risco
Os efeitos das altas temperaturas são mais intensos em crianças e idosos, que têm uma percepção reduzida de sede. Por isso, a atenção à hidratação desses grupos deve ser redobrada. “A melhor forma de garantir que eles estejam ingerindo líquidos suficientes é oferecer água e sucos naturais em intervalos regulares, mesmo que não peçam. Uma dica é usar garrafas individuais, que ajudam a monitorar a quantidade de líquido consumido ao longo do dia”, sugere a professora.
Além disso, é importante manter esses grupos em ambientes frescos, bem ventilados e longe da exposição direta ao sol, principalmente entre 10h e 16h, período em que os raios ultravioletas atingem seus picos mais elevados.
Quem trabalha ao ar livre deve redobrar a atenção
Para trabalhadores que precisam permanecer ao ar livre, as orientações incluem o consumo regular de água, o uso de roupas leves e de cores claras, a aplicação de protetor solar e a tentativa de permanecer em locais sombreados sempre que possível. “A exposição prolongada ao sol, sem uma hidratação adequada, pode levar a quadros graves de desidratação e insolação, além de aumentar os riscos de câncer de pele a longo prazo”, alerta Kamila.
Mudanças climáticas e a necessidade de novos hábitos
As ondas de calor que atingem o Brasil em 2025 não são fenômenos isolados. Especialistas apontam que o aumento das temperaturas está diretamente ligado às mudanças climáticas globais, resultado da emissão excessiva de gases do efeito estufa e do desmatamento.
Diante desse cenário, a adoção de hábitos mais conscientes se torna fundamental. Manter a hidratação, adaptar a alimentação e proteger-se dos efeitos do calor não são apenas ações momentâneas, mas atitudes que precisam ser incorporadas ao cotidiano de forma preventiva.
O impacto das altas temperaturas reforça a urgência de se adotar medidas individuais e coletivas para enfrentar os desafios impostos pelo clima extremo. Cuidar da saúde por meio da hidratação adequada e de uma alimentação equilibrada pode ser o primeiro passo para minimizar os riscos e enfrentar, com mais segurança, um futuro que promete ser cada vez mais quente.
