Os casos de violência de gênero estão em alta no Brasil, ocupando o 5º lugar no ranking mundial de assassinatos de mulheres, de acordo com pesquisas publicadas pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que ainda atestou um salto de 14,9% nos casos de estupro e de 1,6% nos feminicídios em 2023, na comparação ao ano anterior, sendo o maior número da série histórica, com 1.463 registros.
O professor Ailton Carvalho, do curso de Serviço Social do Centro Universitário de Volta Redonda (UniFOA), aproveita a temática do mês para falar sobre a divulgação do sinal internacional de pedido de socorro, que consiste em abrir a palma da mão e esconder o polegar sob os dedos, para chamar a atenção de quem estiver ao redor.
O sinal é conhecido como #SignalForHelp (sinal por ajuda, em tradução livre para o português) e significa: “preciso de ajuda, violência baseada em gênero” foi criado pela Women’s Funding Network, uma associação do Canadá.
Na época – em plena pandemia da Covid-19 -, a intenção era abordar o aumento dos casos de violência doméstica, principalmente nos primeiros confinamentos, e seu uso desde então vem se popularizando, pois mostrou a sua eficiência em inúmeros casos pelo mundo, mas ainda é preciso muita divulgação.
“Na minha opinião, estabelecer uma comunicação não verbal para a denúncia de violência é muito importante, já que fornece um recurso muito bom para ajudar a pessoa a sair de situações de violência. A conscientização sobre a comunicação não verbal pode ser fundamental para a identificação e principalmente para responsabilizar o agressor”, salientou o professor.
As campanhas fortalecem a decisão da mulher
O professor Ailton defende que uma campanha envolvendo órgãos oficiais de governos das esferas federal, estadual e municipal faria com que essa importante comunicação não verbal chegasse a um número maior de pessoas, com ênfase nos canais de comunicação e redes sociais, como parte do compromisso das políticas públicas.
“Entendo que, para além da execução dos serviços ofertados a essa parcela vulnerável da sociedade, trabalhar com prevenção é muito necessário, uma vez que o número de mulheres atendidas na saúde e na assistência social é grande. Sem contar com os casos que não chegam aos serviços de apoio, seja por medo ou por não identificarem a violência. Assim, campanhas informativas seriam um alerta, não só para a sociedade, mas para a mulher se fortalecer na decisão de denunciar”.
Assistente social de formação, Ailton aborda essa temática com frequência durante suas aulas, já que muitas vezes os profissionais, em suas atuações na área da saúde e ou assistência social, irão se deparar com questões relacionadas à violência de diversas formas. Assim, trabalhar em sala de aula com questões como acolhimento, sigilo, encaminhamentos necessários, rede de apoio, entre outros, é um caminho de transformação social.
“O assunto expressa a formação social dessa sociedade machista, autoritária e de submissão do sexo feminino. Penso que todos os cursos da área de humanas, principalmente, deveriam ter abordagens em sala de aula com temáticas referentes à violência e não somente contra mulher, mas todo tipo de violência. Dessa forma, o profissional chega ao mercado de trabalho sabendo quais as atitudes certas a tomar”.
No UniFOA, a diversidade e a violência são temas sempre debatidos em sala de aula. “Percebemos muitos jovens que ainda acreditam num comportamento próprio do sexo masculino, mas com o avanço das políticas públicas e da legislação, estamos mudando e vamos progredindo também com a forma de perceber. É muito trabalho ainda, pois os governos precisam ter em suas pautas o assunto e comportamentos de prevenção e coerção”.
Onde denunciar os casos de agressão à mulher?
Procure uma Delegacia Especializa de Atendimento à Mulher (DEAM) de sua cidade ou, caso não possua, a denúncia de violência pode ser feita em qualquer delegacia de Polícia Civil, com base na Lei Maria da Penha.
Se preferir, as denúncias também podem ser feitas pela Central de Atendimento à Mulher do governo federal pelo telefone 180, em todo o país.
Em Volta Redonda, as mulheres em perigo por violência de gênero podem procurar a DEAM, no bairro Aterrado, ou solicitar o acompanhamento da Patrulha Maria da Penha, através da Guarda Municipal. Aplicativos como o PenhaS também auxiliam em casos de denúncia.