Doença Celíaca: professor do UniFOA fala sobre a doença

Doença Celíaca

As entidades criadas para combater a Doença Celíaca em todo o mundo usam o dia 16 de maio para promover a conscientização do público sobre a enfermidade, através de campanhas e ações, no Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença Celíaca. Em diferentes países são divulgadas informações sobre as últimas pesquisas, tratamento, dietas e outros procedimentos que possam ajudar as pessoas portadoras da doença, promovendo o bem-estar e minimizando o desconforto das rigorosas dietas exigidas ao longo da vida.  

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 1% da população mundial tem diagnóstico de doença celíaca, sendo que no Brasil o dado representa cerca de 2 milhões de pessoas. A doença é a reação imunológica à ingestão de glúten, uma proteína encontrada no trigo, na cevada e no centeio que, ao longo do tempo, acaba causando uma inflamação que danifica o revestimento do intestino delgado, causando complicações médicas.  

Para alertar sobre a necessidade de conscientização tanto do paciente quando dos familiares, o egresso e professor de gastroenterologia do curso de Medicina do Centro Universitário de Volta Redonda (UniFOA), Raniery Ávila de Oliveira, explica que a doença pode se manifestar em qualquer idade e é preciso ficar atento aos sintomas, para não atrasar o diagnóstico e iniciar o quanto antes o tratamento.   

“O sintoma se manifesta através de alteração do hábito intestinal e a diarreia é o mais frequente. Entretanto outros sintomas podem fazer parte do quadro, como dispepsia (má digestão), distensão abdominal, perda de peso, em casos mais graves até sarcopenia (redução da força e massa muscular) e desnutrição proteico calórica. Entre os sinais e sintomas menos frequentes: anemia, osteoporose, lesões cutâneas, disfunção menstruais e até aborto de repetição”, esclareceu.  

Após a manifestação de alguns desses sintomas é necessário procurar um médico gastroenterologista para que seja feito a diagnose, mas até que haja o diagnóstico médico definitivo, muitas pessoas percorrem longas jornadas, que inclusive podem ser permeadas de preconceitos.  

“A confirmação da doença é feita através de exames complementares, como o padrão ouro, Endoscopia Digestiva Alta com biópsia da segunda porção duodenal, sendo o exame solicitado pelo médico diante de uma forte suspeita clínica. Soma-se a isso, um conjunto de achados laboratoriais, entre exames que permitem a avaliação do padrão absortivo, até marcadores séricos de autoimunidade”, explicou Raniery, acrescentando que o autoteste glúten, vendido em farmácias, inicialmente ajuda o médico, mas “não tem validação na prática clínica”.  

A doença é considerada de padrão autoimune e, até o momento, sem cura. O tratamento atual de eficácia é dieta isenta de glúten, que requer restrição de alimentos, mas traz a sensação de estar saudável. Mesmo com a limitação na alimentação, o portador da doença celíaca pode sofrer com os sintomas através do que é chamada de contaminação cruzada. 

“A contaminação cruzada é a reação determinada por contato com alimentos, sobretudo via oral, que foram manipulados ou tiveram algum contato com as moléculas ricas em glúten, por exemplo: o preparo de um alimento com glúten em uma panela e, sem higienizá-la adequadamente, faz outro alimento. A primeira manipulação gera a contaminação cruzada. Outro exemplo, as próprias mãos. Neste caso, o apoio familiar é fundamental, tanto na compreensão e identificação dos sinais e sintomas da doença, quanto na isenção do glúten da dieta”, alertou o médico.  

  

A luta para conviver com a doença celíaca 

Egressa do curso de Nutrição do UniFOA, Leilane Morais Lopes é portadora da doença celíaca e atualmente usa os conhecimentos adquiridos na faculdade para ajudar outros celíacos. Por ter levado dois anos para ter o diagnóstico comprovado, acredita que teve a sua saúde prejudicada, pois antes de ir a um gastroenterologista, ela procurou um alergista e, com sintomas parecidos com outras doenças, acabou atrasando o início do tratamento.  

“A doença celíaca está na minha vida desde que me entendo por gente, pois sempre com os sintomas clássicos, mas também enfrentei muitas variantes porque essa doença é como um camaleão. Descobri quando tinha 27 anos e estava morando com a minha mãe. Eu caía muito porque não tinha reflexo, apenas caía. Esse sintoma é uma variante (ataxia a glúten), me deixava tonta, mas a rinite alérgica sempre foi o meu principal sintoma, seguido de asma e outros”, contou.  

Leilane ainda faz um alerta: “Se você tem desconfiança de doença celíaca, procure imediatamente um gastroenterologista e em hipótese alguma deixe de ingerir o glúten antes de procurar o ‘gastro’, porque a pessoa precisa estar em crise para ter o diagnóstico. São pequenas atitudes que fazem a diferença para que o celíaco possa finalmente ter uma vida sem a sensação de estar sempre doente”.  

A nutricionista esclarece que, após passar por diversos exames e iniciar o tratamento, “minha vida foi muito mais restrita, mas também muito mais feliz porque não tive mais nenhuma dor; a minha rinite melhorou, pois, estava quase perdendo o olfato; parei de cair ou bater nos objetos à toa; acabou o ‘fog mental’, que é quando você não consegue se concentrar, além de não apresentar mais dermatite apertiforma, que é a doença celíaca de pele. Hoje, ajudo as pessoas a se adaptarem à dieta rigorosa, mas libertadora”, finalizou. 

  

Doença celíaca: o que pode comer e o que deve ser evitado  

De acordo com a Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil (Fenacelbra), os alimentos são fundamentais para o portador da doença celíaca ter uma vida saudável. 

Conheça agora o que pode ser ingerido e o que deve ser evitado:   

Os alimentos permitidos para celíacos são: cereais (milho, arroz); farinhas (arroz, mandioca, milho, fubá, fécula de batata, fécula de mandioca, polvilho doce, polvilho azedo); gorduras (gordura vegetal, óleos, margarinas); laticínios (leite, manteiga, queijos, derivados); carnes e ovos (aves, suínos, bovinos, caprinos, miúdos, peixes, frutos do mar); hortaliças e leguminosas (folhosas, legumes, tubérculos, como feijão, cará, inhame, soja, grão de bico, ervilha, lentilha, batata, mandioca); frutas (todas, ao natural e sucos). 

Os alimentos proibidos para celíacos são: leite com sabor; bebidas achocolatadas e comerciais; quibe, salsicha, almôndega; croquete de carnes enlatadas; trigo; aveia; centeio; cevada; germe de trigo; flocos cereais; pães; bolos e biscoitos preparados com farinha de trigo; centeio, aveia ou cevada; produtos dietéticos e comerciais em geral; sopas enlatadas ou pacote de sopas já prontas contendo massas; misturas com malte; cerveja, uísque; vodca e destilados a partir de grãos, e temperos comerciais. 

Para entender melhor a dificuldade enfrentada, no mundo ideal de um celíaco, todos na casa passariam a viver sem glúten e a entrada de alimentos glutinados seria proibida. Mas nem sempre isso é possível.  Se pensarmos com calma, todos os utensílios e equipamentos que serão usados pelo celíaco podem ser separados e ficarem livres de glúten, mas não precisa sair comprando coisas novas todas de uma vez. Ao invés disso prepare-se para adquirir aos poucos alguns itens essenciais, e aprenda a fazer uma higienização correta para reaproveitar utensílios, louça e talheres. 

  

ATENÇÃO: 

  • Qualquer quantidade de glúten, por mínima que seja, é prejudicial para o celíaco; 
  • Leia com atenção todos os rótulos ou embalagens de produtos industrializados (Lei 10.674/2003); 
  • Não reutilize óleos onde foram fritos empanados com farinha de trigo ou farinha de rosca (feita de pão torrado); 
  • Não engrosse pudins, cremes ou molhos com farinha de trigo, use amido de milho; 
  • Não utilize as farinhas proibidas para polvilhar assadeiras ou formas. 

COMPARTILHAR

Leia também...

Escolha abaixo a melhor opção

Olá! Sou seu assistente Virtual. Posso te ajudar?

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Saiba mais.

Luciana Pereira Pacheco Werneck

Especialização em Gerenciamento de Projetos
Data de admissão: 01/02/2018
Disciplinas lecionadas

Luciana Pereira Pacheco Werneck

Especialização em Gerenciamento de Projetos
Data de admissão: 01/02/2018
Disciplinas lecionadas

Luciana Pereira Pacheco Werneck

Especialização em Gerenciamento de Projetos
Data de admissão: 01/02/2018
Disciplinas lecionadas