Cuidar do corpo e da mente sempre foi uma preocupação para muitos. Porém, fatores como o estresse ocasionado pelo excesso de informações em torno das exigências do mercado de trabalho; do aumento da cobrança por mais produtividade; da necessidade de constantes atualizações exigidas pelas mudanças tecnológicas, entre outras, acabam ocasionando um aumento de problemas psicossociais. Todos esses fatores podem originar problemas de saúde, principalmente pela postura errada durante a jornada de trabalho.
Por este motivo, o Centro Universitário de Volta Redonda (UniFOA), tem desenvolvido um importante trabalho de avaliação ergonômica, analisando e trabalhando as condições de segurança, conforto e produtividade no trabalho. O objetivo é identificar a melhor maneira do funcionário desempenhar suas atividades, a fim de empregar os recursos preventivos e corretivos, caso necessário, e melhorar a sua relação real com o trabalho por meio da manutenção na qualidade da saúde mental, social e física.
O projeto ‘Ergometria no Setor Administrativo’ é ministrada pela fisioterapeuta e professora Fausta Rodrigues, todas às quintas-feiras, para nove funcionárias que enfrentam obstáculos no cotidiano do trabalho, uma vez que ficam muito tempo sentadas, mas se levantam várias vezes também, provocando desequilíbrios da postura e causando dores que podem ser tornar crônicas com o passar do tempo. Todos os funcionários serão avaliados antes do início de suas atividades laborais e a cada semestre existe um controle de suas evoluções.
“As funcionárias sentam e levantam muitas vezes por dia e é preciso saber como fazer esses movimentos de forma correta. Se todas as vezes que a funcionária sentar e levantar usando as pernas e ativar a musculatura do tronco já estará fortalecendo e prevenindo algum problema na lombar. Mostramos a importância da simetria dos pés bem apoiados e a postura reta da coluna, para conscientização das posturas, dos vícios, além da necessidade de fazer exercícios, apresentando uma diferença para as pessoas, com a diminuição das dores causadas pela postura inadequada”, explicou.
A fisioterapeuta explica que, com o passar do tempo, a repetição dos exercícios passados acaba gerando a prevenção, como o autocuidado, para não evoluir para uma patologia, um desgaste maior. Os desgastes existem – são as artroses -, mas eles vão diminuem através das diversas atividades físicas:
“Foram aplicados exercícios diferentes para cada funcionária, após cada uma perceber o que está incomodando, onde está localizada a dor e trabalhar com atividades físicas específicas. Tem uma funcionária daqui que apresentava dificuldade motora e de marcha e mostrei para ela o que poderia exercitar todas as vezes que sentasse e levantasse: é preciso, primeiro, encostar bem a cadeira na parede e, ao sentir firmeza, forçar as pernas para ficar em pé, ao mesmo tempo em que força o seu tronco para frente e para cima, fazendo um gesto que, no dia a dia, na semana, no mês, acaba fazendo toda a diferença”, comemorou.
Métodos e exercícios para melhorar a postura
O método de reeducação postural é realizado de forma agradável e dinâmica, numa proposta de educação não-formal em busca do autoconhecimento associado a movimentos biomecânicos estratégicos. O trabalho proposto ajuda na reabilitação dos movimentos, correções posturais, conscientização corporal, alívio das dores e cansaço, permitindo que as funcionárias possam obter um condicionamento físico e mental adequado para a ação que praticam em seus postos de trabalho diariamente, prevenindo e/ou curando doenças relacionadas ao trabalho.
A funcionária Priscila Dantas espera com ansiedade a professora. “Eu vi como uma grande ajuda porque ela ensina a consciência corporal e a gente consegue usar isso dentro do trabalho, trazendo benefícios para nós. Vou continuar fazendo, pois tinha uma certa dificuldade para sentar e levantar da cadeira e, fazendo de forma correta, estou conseguindo realizar os movimentos muito bem, sem sentir mais incômodos no final do dia”, contou.
Ao mesmo tempo, a professora Fausta tem percebido que uma começou a ajudar a outra, animando para ir a uma academia, ao pilates: “o ideal é que cada uma tivesse o seu kit de materiais usados nos exercícios – que são escova, colher de pau, rolo de pano e areia, bolinha de tênis, – e utilizassem nos intervalos”:
A bolinha é usada jogando de uma mão para outra, acompanhando com os olhos, além de trabalhar os movimentos da cabeça, da coluna cervical, dos braços. Esse exercício de movimentos leves beneficia bastante os músculos dos olhos, necessário para quem usa muito o computador e o celular durante o trabalho. Até os pés são trabalhados através de exercícios: um rolo feito de pano e areia é usado para trabalhar os músculos do abdômen que, por sua vez, protege a lombar e melhora o equilíbrio, quando é trabalhado o meio do pé e o calcanhar.
“Sempre mostrei para elas a importância da simetria, dos eixos da coluna, das pernas; a proteção da musculatura da coluna, pois quando estamos sentados tendemos a ficar mais soltos e de forma inadequada. O importante é perceber isso e voltar para a assimetria, corrigindo a postura. Só a conscientização pode trazer essa percepção”, explicou Fausta.
Para a colaboradora Sabrina Oliveira de Carvalho, as quintas-feiras de exercícios fez diferença em sua vida:
“Os exercícios que a professora nos ensinou são coisas que temos em casa e de fácil acesso. É uma bolinha, uma escovação com uma buchinha, a utilização da colher de pau, ficando fácil de fazermos nos nossos momentos de pausa. Essa conscientização da pausa, levantar, respirar, alongar foi muito importante. Esse tempo com a professora Fausta, durante as atividades, ajudou a levar melhor o trabalho, pois são momentos leves, de descontração e tem sido bem interessante participar deles.”
Já a funcionária Mariana Cordeiro Maciel Barros concordou com as colegas, afirmando que os exercícios ajudaram inclusive no período em que enfrentou a dengue:
“Utilizei algumas coisas que a professora Fausta ensinou e que me trouxe alívio nas dores provocadas pela doença. Estou fazendo e sempre me corrigindo. Às vezes sentia dor na região da lombar e ela me ensinou a posição correta na cadeira, pois colocava meus pés para trás e depois que aprendi a ficar na posição correta, diminuíram muito essas dores. Ela trouxe uma dinâmica legal e aquilo que a gente achava que iria ser chato, lá no início, na verdade é divertido e muito funcional”, finalizou.
