“Seus rins estão ok? Faça exame de creatinina para saber”. Esse é o tema da campanha global do Dia Mundial do Rim deste ano que busca alertar a população sobre a importância da saúde renal. A iniciativa destaca a relevância do diagnóstico precoce e da prevenção da Doença Renal Crônica (DRC), condição que afeta cerca de 850 milhões de pessoas em todo o mundo.
A nefrologista e professora do curso de Medicina do UniFOA, Alessandra Vieira Vargas, reforça que a DRC é uma doença silenciosa e frequentemente detectada em estágios avançados. “Muitas pessoas não sabem que estão com a função renal comprometida porque os sintomas só aparecem quando a doença já está em um grau elevado. Por isso, é fundamental realizar exames preventivos, principalmente quem possui fatores de risco”, alerta a especialista.
De acordo com o Ministério da Saúde, a prevalência da DRC no Brasil é de aproximadamente 10% da população. Entre 2019 e 2023, houve um aumento de 152,81% no número de registros de atendimentos na Atenção Primária à Saúde (APS) relacionados à DRC. Globalmente, a DRC foi responsável por cerca de 1,5 milhão de óbitos em 2021, ocupando a 28ª posição entre as principais causas de morte.
A DRC pode ser causada por diversas condições, sendo as mais comuns a hipertensão arterial, diabetes mellitus, obesidade, doenças autoimunes e o uso excessivo de anti-inflamatórios não hormonais. “Pessoas com histórico familiar de doença renal também devem ficar atentas”, destaca Alessandra.
Para prevenir a DRC, a nefrologista recomenda que as pessoas realizem exames regulares, adotem hábitos saudáveis, como manter uma alimentação equilibrada, praticar atividades físicas, evitar o tabagismo e controlar a pressão arterial. “A saúde dos rins está diretamente ligada ao nosso estilo de vida. Pequenas mudanças no dia a dia podem fazer uma grande diferença na prevenção da doença”, ressalta.
De acordo com a especialista, um dos principais exames para avaliar a função renal é a dosagem de creatinina no sangue. “Esse exame simples e acessível permite identificar alterações nos rins antes que os sintomas apareçam”, explica a médica. Ela orienta que pessoas sem fatores de risco realizem o teste anualmente, enquanto aquelas com condições predisponentes devem seguir a recomendação médica sobre a periodicidade.
Os sinais de alerta para a DRC incluem inchaço no corpo, fadiga constante, alterações na urina e aumento da pressão arterial. “Infelizmente, a doença renal crônica costuma ser silenciosa e só apresenta sintomas em estágios avançados. Por isso, a prevenção é o melhor caminho”, enfatiza.
Complicações e Tratamento
Caso não seja diagnosticada e tratada precocemente, a DRC pode evoluir para insuficiência renal, necessitando de diálise ou transplante. “Os rins desempenham funções essenciais no organismo. Quando eles param de funcionar adequadamente, todo o corpo é impactado, podendo haver complicações como anemia, doenças ósseas, doenças cardiovasculares e até mesmo risco de morte”, explica a nefrologista.
Atualmente, o tratamento da DRC busca retardar sua progressão por meio do controle de suas causas e complicações. “O acompanhamento regular com um especialista e a adesão ao tratamento são fundamentais para garantir qualidade de vida aos pacientes”, completa Alessandra Vieira Vargas.
Mobilização Nacional e Campanhas
No Brasil, a campanha do Dia Mundial do Rim é coordenada pela Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) e conta com diversas ações de conscientização, como palestras, caminhadas, iluminação de monumentos e atividades educativas. “A ideia é envolver a população, os profissionais de saúde e os gestores públicos para que juntos possamos reduzir o impacto das doenças renais”, afirma a especialista.
Para Alessandra, o mais importante é garantir que informações sobre a prevenção e a importância dos exames cheguem ao maior número de pessoas possível. “Cuidar dos rins é um compromisso que deve ser levado a sério. Quanto mais cedo nos atentarmos à nossa saúde renal, maiores as chances de evitarmos complicações no futuro”, finaliza.