No Dia da Consciência Negra, Volta Redonda celebrou um marco histórico: o Samba da Jurema foi oficialmente reconhecido como Patrimônio Imaterial Cultural do Município e do Estado do Rio de Janeiro. A 14ª edição do evento coincidiu com o primeiro feriado nacional em celebração à data, que anteriormente era comemorada em apenas seis Estados do país.
Para o vereador Lela, autor da lei que reconheceu o Samba da Jurema como patrimônio cultural, o momento foi de grande emoção. Segundo ele, a ideia surgiu no início do ano, em conversa com o organizador Davi Tedesco: “Eu sabia da importância desse evento para a nossa região. Hoje é gratificante ver isso aprovado por unanimidade na Câmara de Vereadores.”
Além do reconhecimento municipal, o evento já havia conquistado o título de Patrimônio Cultural Imaterial do Estado do Rio de Janeiro, através do Deputado Estadual Jari de Oliveira, demonstrando a relevância cultural do samba para o Sul Fluminense. Lela definiu o Samba da Jurema em uma palavra: “Sucesso total.”
O Samba da Jurema se consolidou ao longo dos anos como um evento que transcende o simples entretenimento. Para a comunidade local, ele se tornou um símbolo de resistência cultural e de luta pela preservação das tradições afro-brasileiras.
O fato de ocorrer no Dia da Consciência Negra — um feriado agora reconhecido nacionalmente — adiciona uma camada de relevância histórica ao evento. Mais do que uma data comemorativa, o dia serve como um lembrete da luta contra a discriminação racial e pela valorização da cultura negra, temas que o Samba da Jurema aborda de maneira vibrante e inclusiva.
Além disso, o evento simboliza a luta contínua contra o racismo e a marginalização das culturas afro-brasileiras e, ao reunir pessoas de diferentes origens, crenças e realidades, o Samba da Jurema oferece uma experiência que vai além do simples encontro festivo, se torna um ponto de encontro onde a luta por igualdade, justiça social e visibilidade para a cultura negra são vivenciadas de forma coletiva.
Patrícia, mãe de santo da Tenda Espírita Pai Cambinda, uma das figuras mais representativas do evento, expressou a relevância desse dia. Segundo ela, o 20 de Novembro não deve ser visto apenas como uma data simbólica, mas como um marco de conscientização que deve ser vivido todos os dias.
“Hoje o opressor começa a dizer, não existe consciência negra, existe consciência humana. Nós não estamos falando disso, nós estamos falando de que as pessoas precisam ter consciência de quem é o povo preto. Então, mais uma vez, o colonizador, mais uma vez o opressor querendo dessignificar aquilo que para nós é tão caro, mas nós existimos na luta, nós seguimos na luta.”
Outro destaque da celebração foi a feira de artesanato, que reuniu diversos expositores. Elizandra Pinheiro e Ricardo Nascimento, do ateliê Mil Flores, que trabalham há 28 anos com cerâmica plástica, compartilharam sua experiência:
“Eventos como esse são incríveis porque promovem oportunidades para artistas exporem seu trabalho. É difícil viver de arte, mas aqui conseguimos unir trabalho e diversão,” afirmou Elizandra.
O evento adota práticas responsáveis com o meio ambiente, como a não distribuição de copos plásticos e a implementação de pontos de reciclagem, um esforço para reduzir o impacto ambiental. Outro ponto significativo é que todos os envolvidos no evento, desde os organizadores até os expositores, são voluntários. O dinheiro arrecadado com a venda de ingressos e produtos durante o evento é destinado a causas sociais, reforçando o compromisso do Samba da Jurema com a comunidade local e as ações de transformação social.
Este evento, é um exemplo de como a cultura pode ser utilizada como ferramenta de resistência, inclusão e cuidado com o meio ambiente, celebrando a diversidade e promovendo um futuro mais justo para todos, e o Escritório da Cidadania do Centro Universitário de Volta Redonda (UniFOA) tem orgulho em fazer parte.