O Setembro Amarelo é uma campanha primordial para a conscientização e prevenção do suicídio, um problema, sobretudo, de saúde mental que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Somente no Brasil, cerca de 12 milhões de pessoas são prejudicadas pela depressão e outras 18 milhões por transtornos de ansiedade, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Durante este mês, iniciativas são promovidas para quebrar o estigma em torno da saúde mental, incentivar o diálogo aberto sobre questões emocionais e oferecer apoio a quem está passando por momentos difíceis.
No intuito de fortalecer essa campanha, o Centro de Ciências de Saúde (CCS) do Centro Universitário de Volta Redonda (UniFOA) realizou a roda de conversa “Falar é a melhor solução”, no auditório da Medicina, no prédio 1 do campus Universitário Olezio Galotti, em Três Poços. A iniciativa, organizada na tarde da última segunda-feira (23), reuniu os técnicos de laboratórios da área da saúde que foram norteados por especialistas do âmbito psicológico, biológico e até mesmo jurídico em relação as especificidades da saúde mental, principalmente nos fatores que influenciam no desequilíbrio emocional do indivíduo e de que forma eles podem ser superados.
A abordagem inicial foi de conscientizar os técnicos sobre os principais aspectos que podem levar a uma saúde mental prejudicada por diversos fatores, como familiares, pessoais e profissionais, podendo acarretar em problemas mais delicados, tal qual a ansiedade e depressão. A partir disso, a supervisora do CCS do UniFOA, Cyntia Esposti, deu início ao debate ao explicar como algumas condições podem afetar a saúde física do indivíduo, evidenciando a influência biológica nesse contexto.
Ela afirmou que problemas como ansiedade e depressão podem enfraquecer o sistema imunológico, aumentar os níveis de cortisol e contribuir para o desenvolvimento de doenças crônicas. Dessa forma, Cyntia evidenciou alguns caminhos para a melhoria da saúde mental, relacionados à prática de hábitos saudáveis, principalmente com uma alimentação balanceada, exercícios físicos e a atividades de relaxamento ao ar livre.
A supervisora pontou que, assim, os impactos a saúde mental seriam benéficos, sobretudo pela manutenção do equilíbrio corporal:
“Propus até mesmo uma reflexão para aqueles que estiveram presentes nesse encontro de hoje. A própria instituição proporciona um ambiente ao ar livre, cercado de natureza, que são alguns locais do campus que os técnicos podem relaxar durante o horário de almoço, até mesmo para espairecer. O bosque, por exemplo, é um ótimo lugar para que eles possam descansar antes de voltarem aos laboratórios, sendo importante para aliviar a mente e o corpo”, pontuou Cyntia.
Alinhada a essa perspectiva biológica, a professora Soraya Regina esclareceu como a parte psicológica se conecta a mente ao corpo, enfatizando os principais cuidados destacados pelo setembro amarelo. Soraya buscou reforçar a temática do encontro, sobre como falar é a melhor solução para traduzir os sentimentos que prejudicam o estado emocional.
Segundo ela, nesse processo não só a ajuda de um profissional especializado é bem-vinda, como também o apoio da família desempenha um papel vital, pois cria um ambiente de acolhimento e segurança, facilitando o diálogo aberto sobre obstáculos e dificuldades. Dessa maneira, uma rede familiar solidária pode incentivar a busca por tratamento adequado, além de auxiliar na recuperação e manutenção da saúde mental, ao oferecer suporte emocional contínuo e ajudar a reduzir o estigma relacionado aos cuidados psicológicos:
“É um assunto sempre pertinente a ser discutido. Organizamos esse tipo de iniciativa para alertar, conscientizar e deixar claro que sempre existe uma solução, seja por meio do diálogo, do acolhimento familiar ou por outras atividades que evitariam a pessoa de chegar no fundo do poço. Acredito que esse encontro tenha sido bastante acolhedor e dinâmico, deixando todos bem à vontade para compartilhar suas histórias e seus pontos de vista sobre a prevenção do suicídio”, completou Soraya.
A roda de conversa também integrou a temática ao âmbito profissional e jurídico. A advogada especialista em direito do trabalho, Michelli Evangelista, explicou que a saúde mental pode ser prejudicada por comportamentos invasivos dentro do ambiente profissional, como o assédio moral e sexual. A legislação trabalhista no Brasil prevê diversas ações contra o assédio moral e sexual no ambiente de trabalho, sendo uma das principais delas a denúncia do ocorrido junto a órgãos competentes, como o Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Justiça do Trabalho.
Além disso, de acordo com Micheli, as empresas devem adotar políticas de prevenção, como treinamentos e canais de denúncia, para combater essas práticas e criar um ambiente de trabalho seguro e saudável para todos:
“É preciso falar de saúde mental durante o ano inteiro. Nesse mês de setembro é um dos assuntos que mais são pautados, por isso não perdemos a chance de conscientizar o máximo de pessoas possíveis. Especificamente no local de trabalho, é imprescindível discutirmos sobre isso, pois diz respeito à saúde e segurança não só do funcionário, como da própria empresa”, finalizou Micheli.