A saúde mental docente foi pauta de uma mesa redonda realizada entre professores. O encontro, realizado de forma síncrona via Microsoft TEAMS, fez parte da 5ª Semana de Formação Continuada e trouxe uma especialista da área para discutir sobre o assunto, apontar problemas vivenciados diariamente pelos professores e conscientizar a todos sobre os melhores cuidados com a mente.
A mesa redonda buscou integrar ativamente os professores a conversa, para que realmente acontecesse um debate entre todos. Os conteúdos abordados foram voltados, principalmente, à importância do autoconhecimento que cada professor precisa ter em relação ao seu psicológico durante o dia a dia do trabalho, ainda mais após as marcas causadas pelos anos pandêmicos no estado mental de cada um.
De acordo com dados da pesquisa realizada pelo Instituto Social Nova Escola no auge da pandemia causada pela covid-19 no Brasil, em setembro de 2020, 72% de mais de 1800 professores entrevistados consideraram sua saúde mental regular, ruim ou péssima, sendo que cerca de 30% avaliaram como ruim ou muito ruim. Dessa porcentagem, 68% declarou que seus casos foram rigorosamente prejudicados pelos graves problemas de crise sanitária vivenciados.
Apesar do fim desse período, a situação ainda é preocupante. Segundo a pesquisa mais recente publicada pelo mesmo instituto em outubro de 2022, entre os mais de 5 mil docentes reunidos, 21,5% admitiram estar com o estado mental ruim ou péssimo.
A realização de políticas de conscientização pelas instituições acadêmicas sobre os cuidados com saúde da mente é primordial para disponibilizar programas de apoio emocional a cada professor. Clarisse Fortes, que é preceptora do internato de pediatria do UniFOA e médica especialista na área de saúde mental, com doutorado em clínica médica, norteou a mesa redonda entre os docentes e declarou que os professores devem ter prazos mais acessíveis para entrega de suas tarefas, além da promoção de espaços de convívio e atividades que confortem o bem-estar de sua mente:
“As escolas e universidades devem respeitar o tempo criativo de seus funcionários, com prazos razoáveis para atividades e respostas, para que não fiquemos sempre com a impressão de que todas as demandas de trabalho são urgências. Um calendário organizado e a consciência da instituição e de cada trabalhador sobre limites razoáveis para as horas dedicadas ao trabalho são fundamentais. Além disso, é fundamental que promovam espaços de convívio, atividades físicas e eventos que acolham mais cada docente”, concluiu Clarisse.
A interação entre estudantes e educadores também é outro aspecto que impacta na qualidade da saúde mental docente. Uma boa relação, de fortes laços e empatias entre todos, é um dos principais motivos para a estabilidade docente dentro e fora da sala de aula:
“Os professores devem ter uma convivência saudável com os estudantes, e principalmente o contrário. Cada aluno deve ter empatia com cada um de seus mentores dentro do ensino, trazendo mais satisfação e motivação para todos no ambiente de aprendizado”, declarou Soraya Ferreira, psicóloga do Centro de Aprendizagem e Inovação Pedagógica – CAIP.